Uma exposição ao ar livre de cartazes dedicada às plantas espontâneas comestíveis do estuário do Rio Lima.
categoriaS
#investigação #exposição #sensibilização
PARCERIA
CMIA e Câmara Municipal de Viana do Castelo
local
Parque Ecologico Urbano, Viana do Castelo
DURAÇÃO
21 de Junho — 31 de Dezembro de 2022
EQUIPA
Alexandre Delmar & Maria Ruivo, com Fernanda Botelho
Contexto DO PROJETO
A convite do CMIA — Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo, localizado na margem direita do estuário do Rio Lima, estudámos as espécies silvestres comestíveis típicas das zonas entre marés (formadas por sapais, lodaçais, juncais, caniçais, gramatais e morraçais) mas também das galerias ripícolas e dos prados que povoam as suas margens.
Após o trabalho de campo e de um período de investigação e criação, no qual decidimos trabalhar de forma dedicada 16 espécies, inauguramos no dia 21 de junho no Parque Ecológico Urbano o projeto “A comida esquecida", que foi apresentado sob a forma de cartazes num percurso expositivo circular e ao ar livre, posteriormente ativado através de uma caminhada botânica guiada pela herbalista Fernanda Botelho, que permitiu a descoberta e identificação das espécies in loco.
Sinopse da exposição
Como podemos melhorar a qualidade nutritiva da nossa alimentação? Que formas de obtenção alimentar existem ou podemos criar a nível local? Como podemos aumentar a autonomia alimentar das populações? Como podemos promover mudanças de hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis?
Uma possibilidade simples e acessível é a de diversificarmos a nossa dieta com alimentos diferentes dos que estamos habituados a consumir. Além das plantas cultivadas, existem muitas outras plantas comestíveis que a maioria de nós desconhece. Elas crescem de forma espontânea, são gratuitas, abundantes, não exigem cuidados especiais e encontram-se facilmente, estando um pouco por todo o lado — desde zonas rurais a zonas urbanas, bosques, prados, terrenos baldios, bermas de caminhos, muros, praias ou linhas de água —, sendo que muitas delas possuem propriedades únicas e algumas são até mais nutritivas do que aquelas que existem no mercado.
Estas plantas espontâneas, pejorativamente chamadas de “pragas”, “infestantes” ou “daninhas”, têm sido muitas vezes combatidas com herbicidas para darem lugar ao cultivo de outras espécies vegetais, o que desvaloriza o seu papel crucial na prevenção de cheias, na regulação do clima e na manutenção dos ecossistemas e ignora os seus usos extraordinários como fonte de alimento, remédios, fibras ou corantes. São, de uma forma geral, plantas esquecidas pela população e pouco estudadas pela comunidade científica. Mas nem sempre foi assim; a geração dos nossos avós colhia e consumia uma grande variedade de recursos silvestres, e guardava um conjunto de práticas e saberes relacionados com a recoleção que foram sendo, progressivamente, suprimidos pela sociedade industrial. Num contexto de crise climática e de práticas extrativistas, torna-se urgente resgatar estes conhecimentos tradicionais, aprendendo com eles o uso responsável e sustentável da biodiversidade, cultivando modos mais equilibrados de coexistência.
Acreditamos que estas plantas silvestres têm um enorme potencial esquecido e que podem desenvolver um papel determinante na comida do futuro. Nomeá-las e destacá-las é o primeiro passo para “vê-las”, desconstruindo a cegueira botânica de que, generalizadamente, sofremos.
ESPÉCIES Silvestres Levantadas
C
Caniço (Phragmites australis)
E
Erva-armoles (Atriplex prostrata)
Erva-do-brejo (Triglochin maritimum)
Erva-carapau (Lythrum salicaria)
Erva-caril (Helichrysum italicum)
Ervilhaca (Vicia sp.)
F
Funcho (Foeniculum vulgare)
Funcho-marítimo (Crithmum maritimum)
G
Gramata-branca (Halimione portulacoides)
H
Hortelã-de-burro (Mentha suaveolens)
S
Sabuguerio (Sambucus nigra)
Sacocórnia (Sarcocornia perennis)
Silva (Rubus sp.)
T
Tanchagem (Plantago lanceolata)
U
Umbigo-de-vénus (Umbilicus rupestris)
Urtiga (Urtica dioica)