FIG 1. Vista geral de um ramo de hortelã-de-burro.
FIG 2. Detalhe da folha da hortelã-de-burro.
Nº de partes comestíveis (3 / 6)
Nome científico
Mentha suaveolens
Família de plantas
Lamiaceae
NOME VULGAR
Hortelã-de-burro
NOMES COMUNS
Hortelã-brava, mentraste, mentrasto, montraste(s)
NOME INGLÊS
Apple mint
NOME FRANCÊS
Menthe sauvage
FIG 3. Hortelã-de-burro em contexto.
CURIOSIDADES HISTÓRICO-CULTURAIS
As hortelãs, oriundas da região mediterrânica onde crescem espontaneamente, são das plantas condimentares e medicinais mais usadas em todo o mundo.
O seu nome científico, “mentha" (do Latim menta, do Grego Minthe), está associado à história da ninfa Minta e do deus Hades, da mitologia grega. Minta, concubina de Hades, o rei do mundo dos mortos e por quem estava apaixonada, era uma ninfa que vivia no rio Cocitos. Certo dia, os dois amantes foram surpreendidos pela rainha Perséfone, a deusa das ervas, flores, frutos e perfumes, mas também filha de Zeus e esposa de Hades. Enraivecida pela traição, a rainha transformou Minta na planta com o mesmo nome, destinando-a a crescer na porta de entrada do reino dos mortos.
A menta, juntamente com o alecrim e a murta, era uma das plantas a que se recorria nos rituais funerários da Grécia Antiga, para amenizar os odores da decomposição.
Acredita-se que foram os romanos a disseminar o uso da hortelã na Europa, através da variante Mentha spicata utilizada nos seus banhos e perfumes. A variedade hortelã-pimenta só em 1721 foi introduzida na London Pharmacopeia, onde era recomendada no tratamento de problemas digestivos como flatulência, cólicas e dores de cabeça de origem nervosa. O mentol foi pela primeira vez extraído na Holanda nos finais do século XVIII.
Apesar de ser um ingrediente muito pouco utilizado na nossa gastronomia, a hortelã-de-burro era tradicionalmente usada em Portugal para fins medicinais, principalmente como desparasitante intestinal.
DESCRIÇÃO BOTÂNICA
e formas de identificação
É uma planta vivaz [1], herbácea [2] e muito resistente, de crescimento rápido e erecto, podendo atingir cerca de 100cm de altura. O seu caule é quadrangular e está coberto por uma camada de pêlos. Apresenta folhas simples, planas, de forma arredondada enquanto jovens que se tornam ovaladas à medida que crescem, de margem serrada. São macias e aveludadas, possuindo uma penugem branca na margem inferior. As pequenas flores esbranquiçadas brotam em espigas terminais, muito compactas. Os frutos são mericarpos [3].
[1] VIVAZ é uma planta que vive mais do que 2 anos, florescendo ou frutificando, regra geral, mais do que uma vez. O termo aplica-se, particularmente, às plantas cuja parte aérea é herbácea e se renova anualmente, a partir de rizomas, tubérculos ou bolbos.
[2] HERBÁCEA é uma planta popularmente designada como erva, de caule flexível e não lenhoso (sem capacidade de produção de madeira). Podendo adquirir a altura e os efeitos de um arbusto. Possui um ciclo de vida curto.
[3] MERICARPO é a parte de um fruto que, contendo uma só semente, se separa de maneira longitudinal.
FIG 4. A hortelã-de-burro (ou mentraste) caracteriza-se pelo seu cheiro refrescante e inconfundível a menta. Possui folhas de margens serradas, o que significa que têm um recorte semelhante aos dentes de um serrote.
FIG 5. Esta espécie pode medir dos 30cm aos 100cm de altura.
FIG 6. A hortelã-de-burro é, de todas as Menthas, a que possui maior intensidade de penugem branca na margem inferior das suas folhas.
FIG 7. Apresenta folhas opostas (quando duas folhas inserem-se no mesmo nó do caule, em lados opostos) e cruzadas (quando os pares de folhas apresentam-se dispostos, alternadamente, em planos cruzados). Esta é uma característica transversal ao género Mentha.
FIG 8. A hortelã-de-burro, como todas as Menthas, tem um caule quadrangular.
HABITAT E DISTRIBUIÇÃO
A hortelã-de-burro, uma das mentas mais comuns em Portugal, surge em prados e terrenos de pastagens húmidas, lugares sombrios e frescos, orlas de silvados, juncais, barrancos, margens e leitos secos de linhas de água, charcos, lagoas e outros locais temporariamente encharcados ou inundados, por vezes até nitrificados. É comum encontrá-la também em hortas e pomares.
Nativa da bacia do Mediterrâneo e naturalizada nas partes central e norte da Europa. No nosso território podemos encontrar esta espécie nos Açores, na Madeira e em Portugal Continental.
FIG 9. Mapeamento da espécie em Matosinhos e no Porto. Locais de observação — Perafita, Leça, Aldoar, Fontainhas.
PROPRIEDADES Nutricionais
É rara a menta que possua menos de 50% de mentol, chegando algumas variedades a atingir os 90%, sendo estas últimas exclusivamente utilizadas para a extração do óleo essencial. Possui ainda flavonoides, carvona, aneol, pulegona, resinas, ácidos fenólicos e constituintes amargos.
USOS ALIMENTARES
A hortelã é um ingrediente muito utilizado na gastronomia de Marrocos, Turquia, Tunísia, Irão e Índia. É aí usada em molhos, geleias, para aromatizar o borrego, ou legumes como as batatas, ervilhas ou cenouras. Nas saladas, é usada normalmente cortada em tiras, como no tabule, um prato típico da cozinha árabe. O molho feito de iogurte com alho, o principal tempero do kebab, é condimentado com hortelã.
A hortelã-de-burro tem um sabor refrescante semelhante ao da hortelã-pimenta, aquela que encontramos normalmente no supermercado, mas mais suave por causa do seu baixo teor de mentol. Apresenta uma leve fragância frutada e notas adocicadas, que alguns assemelham a maçãs, facto que justifica o seu nome em inglês (apple mint) As suas folhas têm uma textura mais peluda do que as da hortelã-pimenta, o que nem sempre agrada a todos os paladares.
Da hortelã-de-burro usam-se os caules, as folhas e flores, em pratos doces ou salgados. As suas folhas são ideais para usufruir em infusões frias (ou quentes) e batidos, mas também em saladas, sobremesas, doces e compotas. Em preparados simples com fruta, a frescura da folha da hortelã faz uma combinação perfeita: experimente morangos com mel e um punhado de hortelã picada. São excelentes para dar um toque especial a queijos frescos, iogurtes e maioneses, acompanham bem carne ou peixe e guisados de legumes. Na hora de condimentar pratos quentes, lembre-se que as folhas devem ser introduzidas apenas no final do preparado, pois o excesso de calor amarga o seu sabor. Pode ainda usar-se seca, como tempero.
PARTES COMESTÍVEIS
raiz
CAULE
FOLHA
FLOR
FRUTO
SEMENTE
época de colheita
×
Primavera
Primavera
Verão
×
×
modos de preparo
×
Cozinhado
Cru / cozinhado / conserva / compotas / condimento / bebidas
Cru / conserva / condimento / bebida
×
×
SUGESTÕES ALIMENTARES
×
finamente picado em salteados, para que a exposição ao calor amoleça a sua textura.
Em molhos e pastas, em picles, misturada com carnes picadas ajuda a cortar a gordura, em caldas de bolos, em doces e compotas, picada para condimentar frutas e saladas, para aromatizar (manteigas, chocolates, sorvetes, licores, vinagres), em batidos e infusões.
Ingrediente ornamental e aromatizante; em picles, em doces e compotas, para aromatizar licores, em infusões.
×
×
RECEITAS
PLANTAS COMESTÍVEIS SEMELHANTES
Existem várias mentas comestíveis e aromáticas de usos idênticos à hortelã-de-burro. Todas elas são semelhantes no seu aroma mentolado, mas diferem nas folhas e flores. As Menthas são plantas que hibridam facilmente, o que causa alguma confusão em relação à nomenclatura e identificação das suas variedades.
Em Portugal, para além da Mentha suaveolens, podemos encontrar cinco espécies espontâneas pertencentes ao género Mentha: o poejo (M. pulegium), que é um ingrediente importante da gastronomia tradicional alentejana; a hortelã-brava (M. arvensis), muito utilizada na cozinha asiática; a hortelã-da-ribeira (M. cervina), também conhecida popularmente por erva-peixeira e muito utilizada na culinária do Alentejo tendo um aroma semelhante ao poejo, mas folhas muito diferentes; a M. aquatica , muito comum no centro e sul do nosso país, também conhecida por hortelã-mourisca, pois julga-se ter sida introduzida pelos mouros; e a menta-de-cavalo (M. longifolia), uma espécie atualmente em risco de extinção, encontrando-se unicamente em Trás-os-Montes.
FIG 10. Vista de cima da hortelã-de-burro, misturada com funcho (Foeniculum vulgare).
OUTROS USOS
A hortelã é um analgésico, antisséptico e tranquilizante, sobretudo a nível local e das mucosas do aparelho digestivo. Inibe espasmos gastrointestinais e estimula a produção da bílis, relaxa os músculos do estômago facilitando a digestão, relaxa os músculos do esfíncter do esófago, ajudando a libertar refluxos digestivos, o que pode também causar sensação de azia. Existem estudos que comprovam que as cápsulas de óleo de hortelã aliviam problemas de cólon irritável. A hortelã é um conhecido vermífugo que se pode utilizar para desparasitar tanto pessoas como animais, sobretudo se lhe juntarmos artemísia. É útil no combate a vários tipos de vírus e bactérias incluindo herpes. Alivia dores de cabeça. É ainda muito eficaz como descongestionante nasal e expectorante. Em compressas ou quando friccionado, alivia dores musculares e reumáticas. Combate ainda bronquite, náuseas, cólicas, diarreia e aftas. É também diurética, estimula a sudação, sendo útil para reduzir a febre. As folhas frescas esmagadas aliviam picadas de insetos.
As menthas são muito utilizadas no fabrico de cremes para a pele, dentífricos, perfumes, sabonetes e sais de banho.
A hortelã é uma erva extremamente invasora e, por isso, pode optar por plantá-la em vasos e e depois enterrá-los no seu jardim, sendo esta uma boa forma de controlar a sua propagação.
Em consociação com outras culturas, melhora o sabor das couves e do tomate. As hortelãs desenvolvem-se bem perto das urtigas e debaixo das nogueiras.
O género Mentha, de uma maneira geral, é um bom repelente: numa horta ou jardim afasta a borboleta branca da couve; a variedade hortelã-pimenta mantém os afídios das plantas longe, já que repele as formigas que são as responsáveis pelo transporte dos mesmos. Umas gotas de óleo essencial de hortelã vertidas na coleira de cães e gatos mantêm as pulgas afastadas (também funciona com poejos (Mentha pulegium) esfregados diretamente nas coleiras, no pelo do animal ou na água do banho. É ainda um bom repelente de traças. As folhas colocadas em camadas debaixo das coelheiras afastam não só as moscas mas também os ratos e ratazanas. De facto, os roedores detestam o cheiro da hortelã, e por isso era antigamente usada nos celeiros, mantendo-os longe dos grãos.
Para fazer um repelente natural caseiro, basta ferver 3 medidas de água e 1 medida de folhas de hortelã durante 2 minutos e deixar arrefecer. De seguida pulverize as suas plantas como preventivo contra várias pragas. Se o fizer uma vez por semana terá ótimos resultados.
PRECAUÇÕES
Não é recomendada a grávidas, nem a mães que estejam a amamentar. Embora não existam registos que comprovem a presença de toxicidade nesta espécie, sabe-se que outras espécies pertencentes a este género podem causar abortos, especialmente quando tomadas na forma de óleo essencial extraído.
*A Recoletora e os seus autores não se responsabilizam por quaisquer incidentes ou efeitos adversos decorrentes do uso de plantas ou remédios neste site mencionados, e declinam qualquer responsabilidade sobre eventuais erros, omissões ou uso indevido das informações aqui contidas. Apesar de correctas, as sugestões terapêuticas não pretendem funcionar como alternativa a uma consulta médica especializada.
FIG 1. Vista geral de um ramo de hortelã-de-burro.
FIG 2. Detalhe da folha da hortelã-de-burro.
Nº de partes comestíveis (3 / 6)
Nome científico
Mentha suaveolens
Família de plantas
Lamiaceae
NOME VULGAR
Hortelã-de-burro
NOMES COMUNS
Hortelã-brava, mentraste, mentrasto, montraste(s)
NOME INGLÊS
Apple mint
NOME FRANCÊS
Menthe sauvage
FIG 3. Hortelã-de-burro em contexto.
CURIOSIDADES HISTÓRICO-CULTURAIS
As hortelãs, oriundas da região mediterrânica onde crescem espontaneamente, são das plantas condimentares e medicinais mais usadas em todo o mundo.
O seu nome científico, “mentha" (do Latim menta, do Grego Minthe), está associado à história da ninfa Minta e do deus Hades, da mitologia grega. Minta, concubina de Hades, o rei do mundo dos mortos e por quem estava apaixonada, era uma ninfa que vivia no rio Cocitos. Certo dia, os dois amantes foram surpreendidos pela rainha Perséfone, a deusa das ervas, flores, frutos e perfumes, mas também filha de Zeus e esposa de Hades. Enraivecida pela traição, a rainha transformou Minta na planta com o mesmo nome, destinando-a a crescer na porta de entrada do reino dos mortos.
A menta, juntamente com o alecrim e a murta, era uma das plantas a que se recorria nos rituais funerários da Grécia Antiga, para amenizar os odores da decomposição.
Acredita-se que foram os romanos a disseminar o uso da hortelã na Europa, através da variante Mentha spicata utilizada nos seus banhos e perfumes. A variedade hortelã-pimenta só em 1721 foi introduzida na London Pharmacopeia, onde era recomendada no tratamento de problemas digestivos como flatulência, cólicas e dores de cabeça de origem nervosa. O mentol foi pela primeira vez extraído na Holanda nos finais do século XVIII.
Apesar de ser um ingrediente muito pouco utilizado na nossa gastronomia, a hortelã-de-burro era tradicionalmente usada em Portugal para fins medicinais, principalmente como desparasitante intestinal.
DESCRIÇÃO BOTÂNICA
e formas de identificação
É uma planta vivaz [1], herbácea [2] e muito resistente, de crescimento rápido e erecto, podendo atingir cerca de 100cm de altura. O seu caule é quadrangular e está coberto por uma camada de pêlos. Apresenta folhas simples, planas, de forma arredondada enquanto jovens que se tornam ovaladas à medida que crescem, de margem serrada. São macias e aveludadas, possuindo uma penugem branca na margem inferior. As pequenas flores esbranquiçadas brotam em espigas terminais, muito compactas. Os frutos são mericarpos [3].
[1] VIVAZ é uma planta que vive mais do que 2 anos, florescendo ou frutificando, regra geral, mais do que uma vez. O termo aplica-se, particularmente, às plantas cuja parte aérea é herbácea e se renova anualmente, a partir de rizomas, tubérculos ou bolbos.
[2] HERBÁCEA é uma planta popularmente designada como erva, de caule flexível e não lenhoso (sem capacidade de produção de madeira). Podendo adquirir a altura e os efeitos de um arbusto. Possui um ciclo de vida curto.
[3] MERICARPO é a parte de um fruto que, contendo uma só semente, se separa de maneira longitudinal.
FIG 4. A hortelã-de-burro (ou mentraste) caracteriza-se pelo seu cheiro refrescante e inconfundível a menta. Possui folhas de margens serradas, o que significa que têm um recorte semelhante aos dentes de um serrote.
FIG 5. Esta espécie pode medir dos 30cm aos 100cm de altura.
FIG 6. A hortelã-de-burro é, de todas as Menthas, a que possui maior intensidade de penugem branca na margem inferior das suas folhas.
FIG 7. Apresenta folhas opostas (quando duas folhas inserem-se no mesmo nó do caule, em lados opostos) e cruzadas (quando os pares de folhas apresentam-se dispostos, alternadamente, em planos cruzados). Esta é uma característica transversal ao género Mentha.
FIG 8. A hortelã-de-burro, como todas as Menthas, tem um caule quadrangular.
HABITAT E DISTRIBUIÇÃO
A hortelã-de-burro, uma das mentas mais comuns em Portugal, surge em prados e terrenos de pastagens húmidas, lugares sombrios e frescos, orlas de silvados, juncais, barrancos, margens e leitos secos de linhas de água, charcos, lagoas e outros locais temporariamente encharcados ou inundados, por vezes até nitrificados. É comum encontrá-la também em hortas e pomares.
Nativa da bacia do Mediterrâneo e naturalizada nas partes central e norte da Europa. No nosso território podemos encontrar esta espécie nos Açores, na Madeira e em Portugal Continental.
FIG 9. Mapeamento da espécie em Matosinhos e no Porto. Locais de observação — Perafita, Leça, Aldoar, Fontainhas.
PROPRIEDADES Nutricionais
É rara a menta que possua menos de 50% de mentol, chegando algumas variedades a atingir os 90%, sendo estas últimas exclusivamente utilizadas para a extração do óleo essencial. Possui ainda flavonoides, carvona, aneol, pulegona, resinas, ácidos fenólicos e constituintes amargos.
USOS ALIMENTARES
A hortelã é um ingrediente muito utilizado na gastronomia de Marrocos, Turquia, Tunísia, Irão e Índia. É aí usada em molhos, geleias, para aromatizar o borrego, ou legumes como as batatas, ervilhas ou cenouras. Nas saladas, é usada normalmente cortada em tiras, como no tabule, um prato típico da cozinha árabe. O molho feito de iogurte com alho, o principal tempero do kebab, é condimentado com hortelã.
A hortelã-de-burro tem um sabor refrescante semelhante ao da hortelã-pimenta, aquela que encontramos normalmente no supermercado, mas mais suave por causa do seu baixo teor de mentol. Apresenta uma leve fragância frutada e notas adocicadas, que alguns assemelham a maçãs, facto que justifica o seu nome em inglês (apple mint) As suas folhas têm uma textura mais peluda do que as da hortelã-pimenta, o que nem sempre agrada a todos os paladares.
Da hortelã-de-burro usam-se os caules, as folhas e flores, em pratos doces ou salgados. As suas folhas são ideais para usufruir em infusões frias (ou quentes) e batidos, mas também em saladas, sobremesas, doces e compotas. Em preparados simples com fruta, a frescura da folha da hortelã faz uma combinação perfeita: experimente morangos com mel e um punhado de hortelã picada. São excelentes para dar um toque especial a queijos frescos, iogurtes e maioneses, acompanham bem carne ou peixe e guisados de legumes. Na hora de condimentar pratos quentes, lembre-se que as folhas devem ser introduzidas apenas no final do preparado, pois o excesso de calor amarga o seu sabor. Pode ainda usar-se seca, como tempero.
PARTES COMESTÍVEIS
CAULE
Época de colheita: Primavera
Modos de prepare: Cozinhado
Sugestões alimentares: finamente picado em salteados, para que a exposição ao calor amoleça a sua textura.
FOLHA
Época de colheita: Primavera
Modos de prepare: Cru / cozinhado / conserva / compotas / condimento / bebidas
Sugestões alimentares: Em molhos e pastas, em picles, misturada com carnes picadas ajuda a cortar a gordura, em caldas de bolos, em doces e compotas, picada para condimentar frutas e saladas, para aromatizar (manteigas, chocolates, sorvetes, licores, vinagres), em batidos e infusões.
FLOR
Época de colheita: Verão
Modos de prepare: Cru / conserva / condimento / bebida
Sugestões alimentares: Ingrediente ornamental e aromatizante; em picles, em doces e compotas, para aromatizar licores, em infusões.
RECEITAS
PLANTAS COMESTÍVEIS SEMELHANTES
Existem várias mentas comestíveis e aromáticas de usos idênticos à hortelã-de-burro. Todas elas são semelhantes no seu aroma mentolado, mas diferem nas folhas e flores. As Menthas são plantas que hibridam facilmente, o que causa alguma confusão em relação à nomenclatura e identificação das suas variedades.
Em Portugal, para além da Mentha suaveolens, podemos encontrar cinco espécies espontâneas pertencentes ao género Mentha: o poejo (M. pulegium), que é um ingrediente importante da gastronomia tradicional alentejana; a hortelã-brava (M. arvensis), muito utilizada na cozinha asiática; a hortelã-da-ribeira (M. cervina), também conhecida popularmente por erva-peixeira e muito utilizada na culinária do Alentejo tendo um aroma semelhante ao poejo, mas folhas muito diferentes; a M. aquatica , muito comum no centro e sul do nosso país, também conhecida por hortelã-mourisca, pois julga-se ter sida introduzida pelos mouros; e a menta-de-cavalo (M. longifolia), uma espécie atualmente em risco de extinção, encontrando-se unicamente em Trás-os-Montes.
FIG 10. Vista de cima da hortelã-de-burro, misturada com funcho (Foeniculum vulgare).
OUTROS USOS
A hortelã é um analgésico, antisséptico e tranquilizante, sobretudo a nível local e das mucosas do aparelho digestivo. Inibe espasmos gastrointestinais e estimula a produção da bílis, relaxa os músculos do estômago facilitando a digestão, relaxa os músculos do esfíncter do esófago, ajudando a libertar refluxos digestivos, o que pode também causar sensação de azia. Existem estudos que comprovam que as cápsulas de óleo de hortelã aliviam problemas de cólon irritável. A hortelã é um conhecido vermífugo que se pode utilizar para desparasitar tanto pessoas como animais, sobretudo se lhe juntarmos artemísia. É útil no combate a vários tipos de vírus e bactérias incluindo herpes. Alivia dores de cabeça. É ainda muito eficaz como descongestionante nasal e expectorante. Em compressas ou quando friccionado, alivia dores musculares e reumáticas. Combate ainda bronquite, náuseas, cólicas, diarreia e aftas. É também diurética, estimula a sudação, sendo útil para reduzir a febre. As folhas frescas esmagadas aliviam picadas de insetos.
As menthas são muito utilizadas no fabrico de cremes para a pele, dentífricos, perfumes, sabonetes e sais de banho.
A hortelã é uma erva extremamente invasora e, por isso, pode optar por plantá-la em vasos e e depois enterrá-los no seu jardim, sendo esta uma boa forma de controlar a sua propagação.
Em consociação com outras culturas, melhora o sabor das couves e do tomate. As hortelãs desenvolvem-se bem perto das urtigas e debaixo das nogueiras.
O género Mentha, de uma maneira geral, é um bom repelente: numa horta ou jardim afasta a borboleta branca da couve; a variedade hortelã-pimenta mantém os afídios das plantas longe, já que repele as formigas que são as responsáveis pelo transporte dos mesmos. Umas gotas de óleo essencial de hortelã vertidas na coleira de cães e gatos mantêm as pulgas afastadas (também funciona com poejos (Mentha pulegium) esfregados diretamente nas coleiras, no pelo do animal ou na água do banho. É ainda um bom repelente de traças. As folhas colocadas em camadas debaixo das coelheiras afastam não só as moscas mas também os ratos e ratazanas. De facto, os roedores detestam o cheiro da hortelã, e por isso era antigamente usada nos celeiros, mantendo-os longe dos grãos.
Para fazer um repelente natural caseiro, basta ferver 3 medidas de água e 1 medida de folhas de hortelã durante 2 minutos e deixar arrefecer. De seguida pulverize as suas plantas como preventivo contra várias pragas. Se o fizer uma vez por semana terá ótimos resultados.
PRECAUÇÕES
Não é recomendada a grávidas, nem a mães que estejam a amamentar. Embora não existam registos que comprovem a presença de toxicidade nesta espécie, sabe-se que outras espécies pertencentes a este género podem causar abortos, especialmente quando tomadas na forma de óleo essencial extraído.
*A Recoletora e os seus autores não se responsabilizam por quaisquer incidentes ou efeitos adversos decorrentes do uso de plantas ou remédios neste site mencionados, e declinam qualquer responsabilidade sobre eventuais erros, omissões ou uso indevido das informações aqui contidas. Apesar de correctas, as sugestões terapêuticas não pretendem funcionar como alternativa a uma consulta médica especializada.