Nº de partes comestíveis (4 / 6)
NOME CIENTÍFICO
Rubus ulmifolius Schott
Família de plantas
Rosaceae
Nome VULGAR
Silva
NOMES COMUNS
Silva das amoras, silva-brava, amora-silvestre, silvado-bravo, gravanceira
NOME INGLÊS
Bramble
NOME FRANCÊS
Ronce commune
CURIOSIDADES HISTÓRICO-CULTURAIS
Apreciada desde o homem da pré-história, a apanha das amoras é um dos poucos rituais de recoleção coletiva que sobrevive até aos dias de hoje. Ao longo do tempo e nas mais variadas culturas, a silva foi sempre um recurso nutritivo e medicinal muito utilizado, principalmente pelas suas folhas e frutos.
Na Grã-Bretanha existem várias crenças relacionadas com esta espécie: as crianças com hérnias eram passadas debaixo dos longos ramos arqueados das silvas na procura de uma cura mágica; os escoceses, grandes apreciadores desta planta, faziam com ela grinaldas misturando tramazeira (Sorbus aucuparia) e hera (Hedera helix), como proteção contra os maus espíritos; nas regiões rurais de Inglaterra acredita-se, ainda hoje, que não se deve colher amoras depois da festa de S. Miguel, a 29 de Setembro, pois o diabo poderá ter cuspido e urinado em cima delas.
Em Portugal, era comum as pessoas do meio rural mascarem os seus caules crus, tenros e sumarentos, depois de retirados os acúleos (picos) e a casca. Os caules usavam-se também para tecer os escrinhos, cestos urdidos em palha e entrançados com a casca da silva, que serviam para guardar alimentos. Esta técnica de cestaria é ainda atualmente praticada na aldeia de Vilar Seco, no concelho de Vimioso em Trás-os-Montes.
DESCRIÇÃO BOTÂNICA
e formas de identificação
Planta vivaz [1], vigorosa, alcançando 1,5m de comprimento, de longos caules espinhosos e arqueados em direção ao solo cujas extremidades enraízam. Folhas compostas de três a cinco folíolos [2] ovais dentados, com pecíolos [3] cobertos por acúleos [4] falciformes [5]. Cachos piramidais de flores brancas ou cor-de-rosa, inodoras, de cinco pétalas enrugadas e com numerosos estames [6], seguidas de frutos compostos negros, globosos [7], carnudos e sumarentos.
[1] VIVAZ planta que vive mais do que 2 anos, florescendo ou frutificando, regra geral, mais do que uma vez. O termo aplica-se, particularmente, às plantas cuja parte aérea é herbácea e se renova anualmente, a partir de rizomas, tubérculos ou bolbos.
[2] FOLÍOLO cada uma das lâminas verdes que formam uma folha composta.
[3] PECÍOLO parte da folha que liga a lâmina ao ramo ou ao caule.
[4] ACÚLEOS expansão epidérmica em forma de pico que se destaca facilmente (ver FIG. 6).
[5] FALCIFORME em forma arqueada como a lâmina de uma foice (ver FIG. 6).
[6] ESTAME órgão sexual masculino das plantas que produzem flor, composto por duas partes: o filete, parte alongada, e a antera, parte superior (ver FIG. 8).
[7] GLOBOSO que tem forma de globo (ver FIG. 10).
HABITAT E DISTRIBUIÇÃO
As silvas surgem em habitats muito diversos: em orlas e clareiras de bosques, em baldios, taludes, sebes, charnecas, em caminhos e até em margens de cursos de água, muitas vezes fazendo moitas impenetráveis. Apresentam uma clara preferência por solos húmidos e ambientes fortemente perturbados pela ação humana, ou seja habitats ruderais (do latim: ruderis; "entulho", "cascalho", "escombros", "ruínas").
Nativa das regiões temperadas da Europa, a Rubus ulmifolius encontra-se também na região da Macaronésia e está naturalizada nas Américas e Austrália. Em Portugal está presente em todo o território e ilhas. Na Madeira existe uma espécie endémica, da mesma família da silva, a Rubus grandifolius.
FIG 11. Mapeamento da espécie.
PROPRIEDADES Nutricionais
As silvas são ricas em diversos ácidos (salicílico, oxálico, cítrico e málico), em taninos e glícidos. Os frutos contêm um alto teor de vitaminas A, B e sobretudo C. Tal como todos os frutos vermelhos, as amoras são muito ricas em antocianinas antioxidantes, substâncias cruciais no combate aos radicais livres.
USOS ALIMENTARES
Na culinária, a silva é uma espécie silvestre bastante reconhecida principalmente pelas suas amoras, pequenos e sumarentos frutos negros, de sabor doce e levemente adstringentes. No entanto, todas as partes aéreas da silva são comestíveis, como os caules, as folhas e as flores. Antes de qualquer preparado com silvas, certifique-se que todos os acúleos foram retirados devidamente.
Os caules podem ser consumidos crus, mas a sua textura e sabor tornam-se mais interessantes cozinhados ao vapor e depois salteados, usados como guarnição em substituição de espargos, por exemplo.
No que toca ao uso das folhas para fins gastronómicos, devem preferir-se os rebentos tenros e avermelhados e as folhas mais jovens. Estas carregam algumas notas do sabor da própria amora e são, portanto, perfeitas para finalizar pratos doces e salgados. Se deixadas em vinagre, dão um tom cítrico bastante agradável ao mesmo. Podem também ser usadas tradicionalmente, em sopas, sandes ou refogados (sendo que, neste último caso, será necessário uma grande quantidade já que as folhas encolhem bastante, à semelhança do espinafre).
Os frutos maduros e doces, podem ser usados crus em diversos preparados, como saladas, saladas de fruta e na decoração de sobremesas. Os frutos mais rijos e azedos, devem ser cozinhados e depois preservadas na forma de compotas, doces ou geleias, na aromatização de vinagres, ou ainda transformadas em xaropes, para acompanhar carnes e legumes ou usados em bebidas, como é o caso do famoso cocktail inglês cujo nome, Bramble, vem precisamente do seu ingrediente principal — a amora.
Já as flores e os botões florais não apresentam nenhum sabor de destaque, pelo que funcionam maioritariamente como ingrediente ornamental.
PARTES COMESTÍVEIS
raiz
CAULE
FOLHA
FLOR
FRUTO
SEMENTE
época de colheita
×
Primavera
Primavera
Primavera / início Verão
Verão
×
modos de preparo
×
cru / cozinhado / conserva / condimento
cru / cozinhado / conserva / condimento / compota / bebida / desidratado
cru / desidratado
cru / cozinhado / conserva / compota / condimento / bebida
×
SUGESTÕES ALIMENTARES
×
Caules jovens e tenros podem comer-se crus; cozidos, ao vapor, salteados ou fritos; acompanham bem peixes e vegetais; ficam especialmente bem em risottos.
Folhas secas proporcionam boas infusões; folhas jovens usadas na decoração de pratos, consumidas cruas ou cozinhadas; dão uma boa compota, em conjunto com outros frutos de Verão; para aromatizar vinagres.
Ingrediente muito ornamental; em saladas e doces.
Em saladas, xaropes concentrados, compotas, geleias e doces diversos; como decoração de sobremesas; acompanham especialmente bem tartes de maçã; refrescos, vinho.
×
PLANTAS COMESTÍVEIS SEMELHANTES
Rubus é um género botânico amplo e diverso pertencente à família Rosacea. Existem mais de 100 espécies diferentes do género Rubus e mais de 1000 variedades e híbridos que vão diferindo de acordo com a região e o clima. Somente um profissional muito especializado consegue reconhecer as pequenas subtilezas botânicas que diferenciam as várias silvas.
Segundo as plataformas online Flora-on e Flora digital de Portugal - Jardim Botânico da UTAD, no território português estão referenciadas mais 15 plantas do género Rubus para além da R. ulmifolius, que ocorrem com especial incidência na zona montanhosa do Norte continental: R. brigantinus, R. caesius, R. canescens, R. castellarnaui, R. genevieri, R. henriquesii, R. idaeus, R. lainzii, R. peratticus, R. praecox, R. radula, R. sampaioanus, R. vagabundus, R. vestitus, R. vigoi.
Todas as espécies do género Rubus possuem frutos comestíveis.
OUTROS USOS
A infusão das folhas das silvas é muito útil no combate à diarreia e à disenteria, aos problemas relacionados com a boca e a garganta (como aftas, úlceras, gengivites e anginas), à anemia e aos estados gripais, uma vez que ajuda a baixar a febre. No alívio de dores de garganta, a infusão das folhas pode ainda ser utilizada na forma de gargarejos, depois de fria. As suas folhas adstringentes são febrífugas, laxativas e hipoglicemiantes, sendo inclusivamente utilizadas como antidiabético na zona dos Balcãs. Em algumas culturas mastigam-se os rebentos tenros para aliviar dores de cabeça. Para tratar os arranhões e o inchaço causados pelos picos das silvas, pode esmagar-se a folha da mesma planta e aplicá-la no local para desinfectar e estancar o sangue.
Na região de Miranda do Douro usavam-se os rebentos jovens com botões florais, que surgem na altura da primavera, no preparo de uma decocção para aliviar cólicas e travar a diarreia.
Uma vez arrefecida, a infusão de folhas de silvas pode ser utilizada como loção para a pele.
As silvas podem ser utilizadas como tintureiro, sendo frequentemente usadas enquanto corante alimentar — a cor roxa e azul é obtida a partir das amoras; já a raiz produz um corante laranja quando misturada com sal.
Em Bragança, as fibras das cascas dos caules eram tradicionalmente usadas na criação do escrinho, uma técnica local de cestaria. Para o fabrico do escrinho, cortam-se os longos ramos arqueados da silva entre novembro e fevereiro. De seguida, retiram-se os acúleos e abrem-se ao meio para libertar a medula, com a ajuda de uma navalha especial. Deste processo resultam umas longas tiras que devem ser moldadas em novelos e fervidas em água durante cinco minutos, de forma a ficarem mais macias para serem trabalhadas. Os escrinhos são então urdidos em colmo (palha de centeio ou cevada) e entrançados com as fitas da casca da silva. Estes cestos eram usados para armazenar cereais e farelos, para levedar a massa do pão ou para conservar alimentos, pelo que se faziam em vários formatos e dimensões de acordo com a sua função.
A silva é uma espécie de fácil cultivo, preferindo solos argilosos e bem drenados. No entanto, tolera solos pobres, desde que não sejam secos. Desenvolve-se bem a pleno sol ou em meia-sombra. Por ser uma espécie trepadora e de rápido crescimento é importante plantá-la longe de outras espécies. Resiste a temperaturas negativas, até -18 ° C.
PRECAUÇÕES
Não se conhecem efeitos adversos provenientes do uso culinário ou medicinal desta espécie.
Recomenda-se especial precaução na filtragem dos preparados com silvas, mesmo que para uso externo, de forma a garantir-se a total eliminação dos acúleos (picos).
*A Recoletora e os seus autores não se responsabilizam por quaisquer incidentes ou efeitos adversos decorrentes do uso de plantas ou remédios neste site mencionados, e declinam qualquer responsabilidade sobre eventuais erros, omissões ou uso indevido das informações aqui contidas. Apesar de correctas, as sugestões terapêuticas não pretendem funcionar como alternativa a uma consulta médica especializada.
Nº de partes comestíveis (4 / 6)
NOME CIENTÍFICO
Rubus ulmifolius Schott
Família de plantas
Rosaceae
Nome VULGAR
Silva
NOMES COMUNS
Silva das amoras, silva-brava, amora-silvestre, silvado-bravo, gravanceira
NOME INGLÊS
Bramble
NOME FRANCÊS
Ronce commune
CURIOSIDADES HISTÓRICO-CULTURAIS
Apreciada desde o homem da pré-história, a apanha das amoras é um dos poucos rituais de recoleção coletiva que sobrevive até aos dias de hoje. Ao longo do tempo e nas mais variadas culturas, a silva foi sempre um recurso nutritivo e medicinal muito utilizado, principalmente pelas suas folhas e frutos.
Na Grã-Bretanha existem várias crenças relacionadas com esta espécie: as crianças com hérnias eram passadas debaixo dos longos ramos arqueados das silvas na procura de uma cura mágica; os escoceses, grandes apreciadores desta planta, faziam com ela grinaldas misturando tramazeira (Sorbus aucuparia) e hera (Hedera helix), como proteção contra os maus espíritos; nas regiões rurais de Inglaterra acredita-se, ainda hoje, que não se deve colher amoras depois da festa de S. Miguel, a 29 de Setembro, pois o diabo poderá ter cuspido e urinado em cima delas.
Em Portugal, era comum as pessoas do meio rural mascarem os seus caules crus, tenros e sumarentos, depois de retirados os acúleos (picos) e a casca. Os caules usavam-se também para tecer os escrinhos, cestos urdidos em palha e entrançados com a casca da silva, que serviam para guardar alimentos. Esta técnica de cestaria é ainda atualmente praticada na aldeia de Vilar Seco, no concelho de Vimioso em Trás-os-Montes.
DESCRIÇÃO BOTÂNICA
e formas de identificação
Planta vivaz [1], vigorosa, alcançando 1,5m de comprimento, de longos caules espinhosos e arqueados em direção ao solo cujas extremidades enraízam. Folhas compostas de três a cinco folíolos [2] ovais dentados, com pecíolos [3] cobertos por acúleos [4] falciformes [5]. Cachos piramidais de flores brancas ou cor-de-rosa, inodoras, de cinco pétalas enrugadas e com numerosos estames [6], seguidas de frutos compostos negros, globosos [7], carnudos e sumarentos.
[1] VIVAZ planta que vive mais do que 2 anos, florescendo ou frutificando, regra geral, mais do que uma vez. O termo aplica-se, particularmente, às plantas cuja parte aérea é herbácea e se renova anualmente, a partir de rizomas, tubérculos ou bolbos.
[2] FOLÍOLO cada uma das lâminas verdes que formam uma folha composta.
[3] PECÍOLO parte da folha que liga a lâmina ao ramo ou ao caule.
[4] ACÚLEOS expansão epidérmica em forma de pico que se destaca facilmente (ver FIG. 6).
[5] FALCIFORME em forma arqueada como a lâmina de uma foice (ver FIG. 6).
[6] ESTAME órgão sexual masculino das plantas que produzem flor, composto por duas partes: o filete, parte alongada, e a antera, parte superior (ver FIG. 8).
[7] GLOBOSO que tem forma de globo (ver FIG. 10).
HABITAT E DISTRIBUIÇÃO
As silvas surgem em habitats muito diversos: em orlas e clareiras de bosques, em baldios, taludes, sebes, charnecas, em caminhos e até em margens de cursos de água, muitas vezes fazendo moitas impenetráveis. Apresentam uma clara preferência por solos húmidos e ambientes fortemente perturbados pela ação humana, ou seja habitats ruderais (do latim: ruderis; "entulho", "cascalho", "escombros", "ruínas").
Nativa das regiões temperadas da Europa, a Rubus ulmifolius encontra-se também na região da Macaronésia e está naturalizada nas Américas e Austrália. Em Portugal está presente em todo o território e ilhas. Na Madeira existe uma espécie endémica, da mesma família da silva, a Rubus grandifolius.
FIG 11. Mapeamento da espécie.
PROPRIEDADES Nutricionais
As silvas são ricas em diversos ácidos (salicílico, oxálico, cítrico e málico), em taninos e glícidos. Os frutos contêm um alto teor de vitaminas A, B e sobretudo C. Tal como todos os frutos vermelhos, as amoras são muito ricas em antocianinas antioxidantes, substâncias cruciais no combate aos radicais livres.
USOS ALIMENTARES
Na culinária, a silva é uma espécie silvestre bastante reconhecida principalmente pelas suas amoras, pequenos e sumarentos frutos negros, de sabor doce e levemente adstringentes. No entanto, todas as partes aéreas da silva são comestíveis, como os caules, as folhas e as flores. Antes de qualquer preparado com silvas, certifique-se que todos os acúleos foram retirados devidamente.
Os caules podem ser consumidos crus, mas a sua textura e sabor tornam-se mais interessantes cozinhados ao vapor e depois salteados, usados como guarnição em substituição de espargos, por exemplo.
No que toca ao uso das folhas para fins gastronómicos, devem preferir-se os rebentos tenros e avermelhados e as folhas mais jovens. Estas carregam algumas notas do sabor da própria amora e são, portanto, perfeitas para finalizar pratos doces e salgados. Se deixadas em vinagre, dão um tom cítrico bastante agradável ao mesmo. Podem também ser usadas tradicionalmente, em sopas, sandes ou refogados (sendo que, neste último caso, será necessário uma grande quantidade já que as folhas encolhem bastante, à semelhança do espinafre).
Os frutos maduros e doces, podem ser usados crus em diversos preparados, como saladas, saladas de fruta e na decoração de sobremesas. Os frutos mais rijos e azedos, devem ser cozinhados e depois preservadas na forma de compotas, doces ou geleias, na aromatização de vinagres, ou ainda transformadas em xaropes, para acompanhar carnes e legumes ou usados em bebidas, como é o caso do famoso cocktail inglês cujo nome, Bramble, vem precisamente do seu ingrediente principal — a amora.
Já as flores e os botões florais não apresentam nenhum sabor de destaque, pelo que funcionam maioritariamente como ingrediente ornamental.
PARTES COMESTÍVEIS
CAULE
Época de colheita: Primavera
Modos de preparo: cru / cozinhado / conserva / condimento
Sugestões alimentares: Caules jovens e tenros podem comer-se crus; cozidos, ao vapor, salteados ou fritos; acompanham bem peixes e vegetais; ficam especialmente bem em risottos.
FOLHA
Época de colheita: Primavera
Modos de preparo: cru / cozinhado / conserva / condimento / compota / bebida / desidratado
Sugestões alimentares: Folhas secas proporcionam boas infusões; folhas jovens usadas na decoração de pratos, consumidas cruas ou cozinhadas; dão uma boa compota, em conjunto com outros frutos de Verão; para aromatizar vinagres.
FLOR
Época de colheita: Primavera / início do Verão
Modos de preparo: cru / desidratado
Sugestões alimentares: Ingrediente muito ornamental; em saladas e doces.
FRUTO
Época de colheita: Verão
Modos de preparo: cru / cozinhado / conserva / compota / condimento / bebida
Sugestões alimentares: Em saladas, xaropes concentrados, compotas, geleias e doces diversos; como decoração de sobremesas; acompanham especialmente bem tartes de maçã; refrescos, vinho.
PLANTAS COMESTÍVEIS SEMELHANTES
Rubus é um género botânico amplo e diverso pertencente à família Rosacea. Existem mais de 100 espécies diferentes do género Rubus e mais de 1000 variedades e híbridos que vão diferindo de acordo com a região e o clima. Somente um profissional muito especializado consegue reconhecer as pequenas subtilezas botânicas que diferenciam as várias silvas.
Segundo as plataformas online Flora-on e Flora digital de Portugal - Jardim Botânico da UTAD, no território português estão referenciadas mais 15 plantas do género Rubus para além da R. ulmifolius, que ocorrem com especial incidência na zona montanhosa do Norte continental: R. brigantinus, R. caesius, R. canescens, R. castellarnaui, R. genevieri, R. henriquesii, R. idaeus, R. lainzii, R. peratticus, R. praecox, R. radula, R. sampaioanus, R. vagabundus, R. vestitus, R. vigoi.
Todas as espécies do género Rubus possuem frutos comestíveis.
OUTROS USOS
A infusão das folhas das silvas é muito útil no combate à diarreia e à disenteria, aos problemas relacionados com a boca e a garganta (como aftas, úlceras, gengivites e anginas), à anemia e aos estados gripais, uma vez que ajuda a baixar a febre. No alívio de dores de garganta, a infusão das folhas pode ainda ser utilizada na forma de gargarejos, depois de fria. As suas folhas adstringentes são febrífugas, laxativas e hipoglicemiantes, sendo inclusivamente utilizadas como antidiabético na zona dos Balcãs. Em algumas culturas mastigam-se os rebentos tenros para aliviar dores de cabeça. Para tratar os arranhões e o inchaço causados pelos picos das silvas, pode esmagar-se a folha da mesma planta e aplicá-la no local para desinfectar e estancar o sangue.
Na região de Miranda do Douro usavam-se os rebentos jovens com botões florais, que surgem na altura da primavera, no preparo de uma decocção para aliviar cólicas e travar a diarreia.
Uma vez arrefecida, a infusão de folhas de silvas pode ser utilizada como loção para a pele.
As silvas podem ser utilizadas como tintureiro, sendo frequentemente usadas enquanto corante alimentar — a cor roxa e azul é obtida a partir das amoras; já a raiz produz um corante laranja quando misturada com sal.
Em Bragança, as fibras das cascas dos caules eram tradicionalmente usadas na criação do escrinho, uma técnica local de cestaria. Para o fabrico do escrinho, cortam-se os longos ramos arqueados da silva entre novembro e fevereiro. De seguida, retiram-se os acúleos e abrem-se ao meio para libertar a medula, com a ajuda de uma navalha especial. Deste processo resultam umas longas tiras que devem ser moldadas em novelos e fervidas em água durante cinco minutos, de forma a ficarem mais macias para serem trabalhadas. Os escrinhos são então urdidos em colmo (palha de centeio ou cevada) e entrançados com as fitas da casca da silva. Estes cestos eram usados para armazenar cereais e farelos, para levedar a massa do pão ou para conservar alimentos, pelo que se faziam em vários formatos e dimensões de acordo com a sua função.
A silva é uma espécie de fácil cultivo, preferindo solos argilosos e bem drenados. No entanto, tolera solos pobres, desde que não sejam secos. Desenvolve-se bem a pleno sol ou em meia-sombra. Por ser uma espécie trepadora e de rápido crescimento é importante plantá-la longe de outras espécies. Resiste a temperaturas negativas, até -18 ° C.
PRECAUÇÕES
Não se conhecem efeitos adversos provenientes do uso culinário ou medicinal desta espécie.
Recomenda-se especial precaução na filtragem dos preparados com silvas, mesmo que para uso externo, de forma a garantir-se a total eliminação dos acúleos (picos).
*A Recoletora e os seus autores não se responsabilizam por quaisquer incidentes ou efeitos adversos decorrentes do uso de plantas ou remédios neste site mencionados, e declinam qualquer responsabilidade sobre eventuais erros, omissões ou uso indevido das informações aqui contidas. Apesar de correctas, as sugestões terapêuticas não pretendem funcionar como alternativa a uma consulta médica especializada.